“Qual empresa vai empregar um trabalhador com 65 anos de idade?”

Diretores e funcionários do Sintricomb participaram no último dia 23 de fevereiro de um seminário sobre as reformas trabalhista e da Previdência, organizado pelo Fórum de Entidades Sindicais de Trabalhadores de Brusque e região. O evento teve como local o auditório do Sindicato dos Trabalhadores Têxteis (Sintrafite).

O presidente do Sintricomb, Izaias Otaviano, reafirma a posição do movimento sindical trabalhista de que as reformas vêm somente para prejudicar a classe trabalhadora.

“Nenhum trabalhador que está começando a trabalhar agora vai conseguir se aposentar no futuro. Porque começa com a idade mínima de 65 anos, mas pode chegar a 70 anos ou mais. Qual empresa hoje na construção civil, por exemplo, que vai empregar um trabalhador com 65 anos de idade?”, questiona ele.

Para Otaviano, a população não está se dando conta do prejuízo que está vindo por aí com a aprovação das duas propostas enviadas ao Congresso Nacional pelo governo do presidente Michel Temer. Um alento nessa batalha é a possível investigação das contas da Previdência Social ao longo dos anos.

“Para nossa satisfação, parece que vai sair uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado para sabermos onde está indo todo o dinheiro. Porque estudos de pessoas técnicas vêm mostrando que a Previdência não dá prejuízo. O povo não está se dando conta do tamanho da crueldade que vai ser essa reforma da Previdência”, pontua ele.

Seminário tirou dúvidas sobre as duas reformas

Durante quase duas horas, no último dia 23 de fevereiro, o advogado Matusalém dos Santos, especialista em Direito Constitucional e Previdenciário, explanou sobre pontos da proposta que, em sua visão, vão prejudicar as pessoas que buscarem aposentadoria após a aprovação da mesma, caso ela passe pelo aval no Congresso.

Para ele, a proposta de reforma cria no Brasil a Previdência mais rígida do mundo. Algo com rigor maior que países como Estados Unidos, Alemanha e outros países europeus, por exemplo. “A sociedade precisa discutir. Não é ouvir o movimento sindical (trabalhista). É ouvir as lideranças empresariais, comerciais, religiosas, pois aquele texto prejudica todo mundo”, frisa ele, que tem sido solicitado para explanar sobre o assunto em diversas cidades do estado.

O advogado Jairo Leandro Luiz Rodrigues, da área trabalhista, destacou pontos que ferem acordos e regras internacionais no campo do Direito trabalhista. “Como exemplo, temos a terceirização nos locais de trabalho. É algo impensável que as empresas possam terceirizar todo o seu parque fabril. Eles poderão contratar terceiros, que contratarão um quarto, que contratarão um quinto. Não vamos ter nenhum tipo de controle”, disse ele.

Chamou atenção o número de pessoas presentes sem ligação com as entidades sindicais, algumas associadas, outra não, que foram ao evento para sanar dúvidas que guardam acerca dos temas. Principalmente em relação a reforma da Previdência.

Ao final do seminário surgiram diversas propostas que serão encaminhadas pelo Fórum como forma de protesto e para angariar reforço contra as medidas apresentadas pelo governo. Da busca por apoios nos poderes legislativos municipais, estaduais e até na própria Câmara Federal a ações de informação junto as pessoas para esclarecer os pontos obscuros e que, na avaliação dos sindicalistas, vão afetar a todos se as propostas forem aprovadas.

“Vão ser tomadas medias, sim. Foram tirados encaminhamentos a serem levados desde as câmaras municipais até o Senado, para dizer que o Fórum Sindical de Brusque não concorda com essa maldade toda”, frisou o coordenador do órgão, João Decker.

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