Uma história de vida dedicada à marcenaria

Para muitas pessoas, a chegada da idade é momento de parar, descansar e aproveitar os momentos livres na aposentadoria depois de anos de trabalho. Mas há quem opte por continuar na ativa. É o caso de Arlindo Maestri, marceneiro. Aos 79 anos de idade, ele está a todo vapor. São 60 anos na profissão, período em que viveu e presenciou muitas mudanças em sua profissão.

É a paixão pela marcenaria que move Arlindo. Ele acorda cedo todos os dias e segue a pé para o trabalho, próximo de sua residência, no Bairro Dom Joaquim. Natural de Botuverá, ele mora há 58 anos deles em Brusque. São seis décadas dedicadas à profissão de marceneiro.

Nos últimos 40 anos, a atual empresa em que trabalha, a F.A. Maestri, tem sido sua casa. Parar? Nem pensar. E é por opção mesmo. “Até que dá para trabalhar vou trabalhar. Trabalhar não faz mal a ninguém”, diz ele, orgulhoso.

Mas não se engane quem pensa que os gestos mais lentos no local de trabalho são fruto da idade. É a atenção e dedicação coque faz e executa cada tarefa. Trabalho este que foi ficando mais fácil com o passar dos anos, afirma ele. Principalmente quando se refere ao tempo que começou na profissão.

“Pegávamos madeira na pilha, fora, engradeada na rua. Pegava madeira bruta e começava uma obra até que ela ficava pronta. Hoje em dia, o marceneiro pega na sessão e em pouco tempo está pronta”, afirma ele.

Facilidade esta proporcionada com a chegada das máquinas.

“Quando comecei, tínhamos três máquinas. Quase todo  restante do processo era feito à mão”, relembra.

Ser marceneiro é uma arte. Não é para qualquer um. Assim como todo bom profissional, seu Arlindo teve bons mestres. Diferente dos dias atuais, em que cursos preparam profissionais para atuar na atividade, décadas atrás era necessário aprender na prática.

“Era só os velhos que moravam em Botuverá, que a gente conhecia e ensinavam. Traziam o desenho nas revistas e íamos fazendo o armário, o móvel. Não tinha nada de planta. O freguês encomendava e fazíamos. Hoje em dia só o arquiteto”, conta saudoso o aposentado.

Casado, pai de seis filhos, com nove netos e quatro bisnetos, seu Arlindo não viu apenas a mudança tecnológica e a chegada das máquinas como um desafio enfrentado ao longo dos anos. Isso foi positivo. Ele lamenta a queda no interesse dos mais jovens pela profissão que tanto o enche de orgulho até hoje.

“Têm poucos novos marceneiros. Eles vêm, arrumam o serviço por um tempo, até encontrar outra coisa para fazer e se vão. São poucos os que querem seguir”, desabafa ele.

Apesar disso, prestes a completar 80 anos de vida, 40 deles na mesma empresa, seu Arlindo não desanima. Mais que isso, com sorriso meigo, gentileza nas palavras e na atenção, ele fascina todo que o cercam e convivem no dia a dia. E pretende continuar a fazer isso por muito tempo ainda na profissão e na vida.

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